Ação da Cidadania e Instituto Peregum realizam debate para incluir a justiça climática e a transição dos sistemas alimentares na COP 30

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A Conferência Climática da COP 30 foi o tema central do encontro promovido pela Ação da Cidadania em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum, realizado no dia 4 de junho, em Brasília, na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente. Intitulado “Justiça Alimentar e Justiça Climática na COP30: A Inclusão de Pequenos Agricultores, o Racismo Ambiental e os Sistemas Alimentares Sustentáveis no centro do debate”, o evento fomentou reflexões sobre o atual modelo de produção alimentar e a necessidade urgente de sua transformação.

Atualmente, o sistema agroalimentar é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), além de contribuir para a erosão da sociobiodiversidade, gerando insegurança alimentar e perpetuando o racismo ambiental. No Brasil, pequenos agricultores, comunidades negras, indígenas e periféricas — que formam grande parte da população — são os principais responsáveis pela base da alimentação e pela conservação ambiental. Ainda assim, continuam alijados dos mecanismos de financiamento e formulação de políticas públicas. Como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, o Brasil tem papel estratégico na liderança da COP 30 para garantir que essas pautas tenham visibilidade e centralidade nas negociações deste e dos próximos anos.

O evento teve como foco os desafios impostos pela crise climática, especialmente os relacionados à insegurança alimentar e aos impactos do racismo ambiental nas cidades e no campo, com atenção especial à realidade dos pequenos agricultores e da população negra. O debate também serviu de preparação para a participação da Ação da Cidadania na Conferência de Bonn, na Alemanha, entre os dias 16 e 26 de junho — oportunidade para fortalecer a discussão sobre a transição para sistemas alimentares sustentáveis no contexto climático global.

“Durante o encontro de Brasília tivemos uma reunião para levar as demandas da sociedade civil nesse quesito com Alice Amorim, diretora de projetos da presidência da COP 30. Isso precisa ser uma prioridade global, reconhecendo o papel das organizações comunitárias e dos povos historicamente marginalizados que são fundamentais no combate à fome, pois são os principais atores responsáveis pelos sistemas agrícolas regenerativos”, afirmou Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania.

Para Mariana Macário, gerente de Políticas Públicas da organização, “a Conferência de Bonn é o principal espaço preparatório para a COP 30, onde se estruturam as bases técnicas e políticas das futuras decisões. A incidência neste momento é crucial para assegurar que as propostas da sociedade civil brasileira e internacional sejam incorporadas antecipadamente nas negociações”, explicou.

Além de Alice Amorim, o encontro contou com a presença de nomes como a embaixadora Liliam Chagas, diretora do Departamento de Clima do Itamaraty e chefe da Delegação de Negociadores da COP 30; Olavo Noleto, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS); Laura Delamonica, subchefe da Coordenação-Geral de Segurança Alimentar e Nutricional (CGSAN), representando a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza; e representantes de organizações como Geledés – Instituto da Mulher Negra, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, e a Coalizão Negra por Direitos, entre outras. O objetivo foi discutir as interseções entre esses temas e sua inclusão na pauta da Conferência deste ano, que ocorrerá em Belém (PA).

A COP 30, sediada na Amazônia, representa uma oportunidade histórica de reverter a lógica atual e construir novos arranjos de governança e financiamento pautados na justiça alimentar, climática e social. É urgente superar um histórico de exclusão e centralização e construir uma nova ecologia política global baseada em justiça e solidariedade. A Ação da Cidadania segue mobilizada para que o Brasil e o mundo financiem quem alimenta, escutem quem preserva e protejam quem resiste.

Imagem: Ana Flávia Barbosa