Natal sem fome busca parcerias para atender 7.300 famílias MG

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Foi realizado no final da tarde de domingo (18), o lançamento a Campanha Natal Sem Fome em Montes Claros, por iniciativa do Instituto Nordeste Cidadania (INEC), que pretende atender 7.300 famílias da cidade com cesta básica. A instituição é vinculada aos funcionários do Banco do Nordeste e segue o modelo da campanha criada pelo bocaiuvense Herbeth de Souza, o “Betinho”, da ONG Ação da Cidadania. Tiago José Xavier, que é facilitador social, explica que o foco agora é conseguir as doações das pessoas e das empresas. Um posto de coleta foi montado em um shopping center, nas proximidades da rodoviária. O INEC assumiu esse programa desde 2014.

A crise socioeconômica causada pela pandemia do novo coronavírus agravou o problema da insegurança alimentar para as populações mais pobres do país e atenta a essa situação, a Campanha Natal Sem Fome fez a ação de conscientização. Ao lado de uma ampla faixa com os dizeres Natal sem Fome, as pessoas que passarem pelo local foram sensibilizadas para a problemática da fome e convidadas a doar alimentos ou dinheiro para compra de cestas básicas que ajudarão a enfrentar a situação. A iniciativa teve lançamentos em vários estados do país no mesmo dia.

Além de arrecadar alimentos não perecíveis para a população em situação de vulnerabilidade social, a edição deste ano pretende ainda conscientizar e orientar a sociedade sobre o direito a uma alimentação saudável e à segurança alimentar e nutricional, bem como fortalecer a rede Ação da Cidadania e resgatar a história e os valores do sociólogo Herbert de Souza (Betinho), idealizador da Campanha. Em âmbito nacional a ação conta com a parceria de duas agências da ONU, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A meta de arrecadação para Minas Gerais e Espírito Santo é de 7.395 toneladas de alimentos. Para o Inec, cuja atuação abrange toda a região Nordeste e Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, a meta é arrecadar 120 toneladas. Qualquer pessoa pode participar individualmente ou com a arrecadação e doação em grupos. Empresas podem também fazer suas doações. Os interessados podem acessar www.inec.org.br/natalsemfome ou www.natalsemfome.org.br e contribuir com qualquer valor, que será revertido para compra de cestas básicas.

No ano passado, a Campanha arrecadou 941.706 quilos de alimentos nacionalmente. Em Minas Gerais e no Espírito Santo, mais de 1000 famílias foram beneficiadas. Até o final da campanha, o Inec também promoverá uma série de lives no Instagram, com temas associados à segurança alimentar, nutrição, cultivo de hortas urbanas, entre outros. No dia 10 de novembro, será realizada uma transmissão especial no canal do Inec no Youtube (https://www.youtube.com/user/CanalINEC), com o objetivo de estimular a doação em dinheiro e envolver colaboradores, parceiros e público beneficiário.

Segundo “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo 2020 (SOFI)”, relatório anual sobre a fome no mundo desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2019, quase 690 milhões de pessoas (8,9% da população mundial) passaram fome, ou seja, cerca de 10 milhões a mais que em 2018. Desse total, 47,7 milhões de pessoas estavam na América Latina e no Caribe. De acordo com as projeções do estudo, com a pandemia, mais 132 milhões de pessoas devem ser lançadas para a situação de fome crônica até o final deste ano. O estudo alerta que o mundo corre o risco de não atingir mais o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 2 da Agenda 2030, referente à fome zero.

O compromisso com a erradicação da fome foi assumido por diversos países na 70º Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2015. Na ocasião, foi estabelecida a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Para tanto, foram anunciados 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O segundo ODS propõe acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Porém, os números atuais mostram que esse objetivo está ainda mais distante de acontecer.

No Brasil, de 2016 a 2019, a população afetada pela insegurança alimentar moderada e aguda aumentou de 37,5 milhões para 43,1 milhões, ainda segundo o relatório. Contudo, esses números ainda não consideram os impactos socioeconômicos da crise do novo coronavírus, o que pode torná-los ainda mais alarmantes. Além de o Brasil estar na iminência de voltar a figurar entre os países presentes no Mapa da Fome, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciado em setembro, mais de 80 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, e mais da metade dos domicílios no Brasil com insegurança alimentar são chefiados por mulheres.

O IBGE apontou ainda que lares chefiados por mulheres e negros passam mais fome e que mais da metade dos domicílios do Norte e Nordeste estão em insegurança alimentar. O Brasil ainda deve alcançar a marca negativa de 14,7 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza, o que corresponde a 7% da população, até o fim de 2020, segundo o Banco Mundial. O Mapa da Fome é uma publicação da ONU que apresenta a relação de países que possuem mais de 5% da população total em situação de subnutrição. Para a ONU, por "subnutrição" entende-se a condição em que se encontra uma pessoa cujo consumo habitual de alimentos não é suficiente para lhe fornecer a energia dietética de que necessita para levar uma vida normal, ativa e saudável.