ONG arrecada ‘quatro Natais sem Fome’ para combater pandemia de coronavírus

Ação da Cidadania já arrecadou 4,8 mil toneladas de alimentos, que vão beneficiar mais de um milhão de pessoas

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Criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a Ação da Cidadania é conhecida pela campanha Natal sem Fome, que arrecada anualmente cerca de mil toneladas de alimentos, distribuídos para famílias carentes. Neste ano, por causa do novo coronavírus, o trabalho na ONG não parou, e já foram arrecadadas 4.800 toneladas de alimentos e produtos de higiene, que vão beneficiar mais de um milhão de pessoas afetadas pela pandemia.

— A gente percebe que a vontade de ajudar do brasileiro é enorme. Já foram arrecadados quatro Natais sem Fome e a crise ainda não alcançou seu auge — comentou Kiko Afonso, diretor executivo da ONG.

Segundo os cálculos do coordenador, os alimentos já arrecadados são suficientes para beneficiar cerca de 400 mil famílias. Mesmo assim, a demanda é ainda maior e, com o passar do tempo, a situação tende a se agravar. E após o boom inicial, as doações, sobretudo de pessoas físicas, estão diminuindo.

— No último mês, a gente já percebeu uma queda. A crise deixou de ser tragédia, se transformou num drama — avaliou Afonso. — Quanto mais o tempo passa, menor é o apelo para que as pessoas façam doações.

Mas na rede coordenada pela Ação da Cidadania o trabalho não para. As operações começaram em outubro do ano passado para o Natal sem Fome, mas se estenderam por janeiro e fevereiro por causa das tempestades na região Sudeste. Em março, a pandemia chegou ao país.

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A ONG possui comitês espalhados por todos os 26 estados, mais o Distrito Federal, que articulam redes de organizações, instituições e ativistas que atuam localmente, na seleção de beneficiados e distribuição dos mantimentos.

Cada cesta distribuída é montada com arroz, feijão, açúcar, macarrão, óleo, papel higiênico, pasta de dente, sabonete, desinfetante e um manual sobre o coronavírus, com informações a respeito da doença, métodos de prevenção e descrição dos sintomas.

'Mobilização histórica'
 

Afonso destacou que a sociedade civil precisou agir de maneira rápida e incisiva para cobrir o espaço deixado pelo Estado, que demorou em responder à crise e até hoje — mais de seis meses depois do primeiro caso da doença no país — tem sido pouco eficiente para apoiar a população mais necessitada.

— A sociedade civil fez muito mais pelo povo brasileiro que o governo. Isso é óbvio. Nossa resposta não tem discriminação, não tem filas nem problemas com cadastros — afirmou Afonso. — A nossa atuação no alívio da pandemia é a mais significativa de uma geração inteira. Está acontecendo uma mobilização histórica.

Os interessados em ajudar podem fazer suas doações diretamente no site da ONG, mas também por meio de canais parceiros, como os aplicativos iFood, Ame Digital, PagSeguro e Ribon.

— Qualquer valor ajuda muito. A gente sempre fala que um real vale um prato de comida — disse Afonso.