Ação da Cidadania auxilia comunidades indígenas do MT afetadas pela pandemia

Doações fazem parte da campanha Ação Contra o Corona
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Fonte: Gazeta MS
 

Nesta semana, a Ação da Cidadania doou um total de 2 mil cestas de alimentos e materiais de higiene para os chiquitanos e os nambikwara, populações indígenas habitantes do oeste do Mato Grosso. As doações fazem parte da campanha #AçãoContraoCorona, que teve início com a instauração da pandemia e, até o momento, já ajudou mais de 2 milhões de pessoas em todo o Brasil.

 

Desde o início da pandemia, a Ação da Cidadania distribuiu cerca de 190 toneladas de alimentos e produtos de higiene no Mato Grosso, englobando pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Neste montante, além dos chiquitanos e dos nambikwara, outras populações indígenas foram beneficiadas, como os xavantes e os bakairis.


"As doações da Ação da Cidadania voltadas às populações indígenas do Mato Grosso são muito importantes, pois, no geral, são pessoas que se encontram em situação de muita vulnerabilidade. As aldeias costumam estar localizadas em áreas rurais e de difícil acesso e não contam com infraestrutura mínima de atendimento médico sanitário. Já era um quadro muito complicado e que foi agravado com a pandemia", explica a antropóloga Flávia Carolina da Costa, coordenadora da ONG na região.


As cestas entregues minimizam a carência alimentar imediata e ajudam a garantir condições mínimas de higiene, mas é preciso muito mais. "As doações que fazemos, seja através da Ação Contra o Corona ou outras campanhas, vão ajudar a suprir a necessidade do momento. Porém, para que essas pessoas tenham qualidade de vida a longo prazo, é preciso que haja políticas públicas mais eficientes no combate à fome e à desigualdade", declara Daniel Souza, presidente do conselho da Ação da Cidadania.


Povos indígenas no MT


De acordo com Soilo Urupe Chue, chiquitano e conselheiro e assessor da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Estado de Mato Grosso (FEPOIMT), as demarcações de terras no estado estão paralisadas e não são prioridade no governo federal atual. "É uma preocupação que temos, estamos sendo considerados estranhos dentro de nosso próprio território. Não estão respeitando as leis vigentes e nosso direito sobre a nossa terra, para vivermos de acordo com nossa cultura e tradições", diz.


O povo chiquitano no estado não tem terras demarcadas oficialmente. Na terra indígena e aldeia Vila Nova Barbecho, onde reside Soilo e parte dos chiquitanos, 27 famílias dividem 25 hectares de terra, o que não supre suas necessidades. "Pedimos agilidade na demarcação nos territórios, é um direito nosso como povos originários", declara.


A pandemia afetou bruscamente os povos indígenas no Mato Grosso, pois dificultou o deslocamento dessas pessoas para trabalhar fora de seus territórios. "Auxílios de assistência estão sendo cortados dentro dos territórios indígenas. E, por causa da pandemia, não conseguimos trabalhar. A necessidade é muito grande", afirma Soilo.


Até julho deste ano, tramitou na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso o Projeto de Lei Complementar nº 17/2020, de autoria do governo do estado e assinado pelo governador, Mauro Mendes. O texto trazia alterações no Programa de Regularização Ambiental em Mato Grosso e, se fosse aprovado, a lei não protegeria mais terras indígenas que estão em processo de demarcação, o que poderia aumentar o conflito entre fazendeiros e indígenas. Após grande pressão, a proposta foi abandonada.