Por Mariana Macário e Isadora Gomes
A Ação da Cidadania esteve presente na 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (SB 62), que aconteceu em Bonn, na Alemanha, em junho desse ano. A conferência tem por objetivo preparar o terreno para as negociações da próxima COP, definindo prioridades e temas que devem avançar nas negociações climáticas globais.
Nossa missão foi a de participar dos debates defendendo a importância dos sistemas alimentares e sua relação com as mudanças climáticas e a preservação das florestas.
Isso porque as florestas alimentam o nosso planeta, do Brasil à Bélgica. Mas a forma como produzimos nossos alimentos está destruindo esses ecossistemas, ameaçando nossa saúde, a segurança hídrica, os meios de subsistência e as culturas, especialmente de pequenos produtores e comunidades tradicionais que menos contribuíram para a crise climática.
Por isso, em Bonn nos juntamos a outras organizações que defendem a mesma causa, como SDG2 Advocacy Hub e Global Citizen. Juntos, promovemos um encontro focado na nossa campanha Forests4food, com a participação de Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Licoln Muniz Alves, do Departamento de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Elizabeth Nsimadala, Agricultora familiar de Uganda e presidente da Eastern Africa Farmers Federation (EAFF). Em suas falas, todos destacaram a urgência do tema e o chamado para que trabalhemos juntos.
E falando em trabalhar juntos, uma grande novidade nesse cenário foi a divulgação, ainda nos dias da conferência, da Agenda de Ação da COP, um conjunto de iniciativas, compromissos e colaborações voluntárias entre países, empresas, cidades, sociedade civil e outros atores não estatais para acelerar a implementação do Acordo de Paris e enfrentar a crise climática.
A agenda de ação tem como objetivo principal impulsionar ações concretas que complementam as negociações formais entre os países. Entre os seis eixos, está a “Transformação da Agricultura e dos Sistemas Alimentares”, tema central de nossa incidência e essencial para fortalecer a adaptação e a resiliência das comunidades rurais e tradicionais diante dos impactos crescentes da crise climática. Vale notar que outro eixo da agenda, “Promoção do Desenvolvimento Humano e Social” também reforça nossa causa, afinal, sem segurança alimentar, não há como garantir dignidade, saúde ou justiça. A luta por direitos humanos começa pelo direito à alimentação, especialmente em um contexto de crise climática que agrava desigualdades e ameaça os modos de vida de milhões.
Essa é uma boa notícia, mas só o começo. Precisamos garantir que os desdobramentos dessa escolha tenham o conteúdo e o senso de urgência que precisamos. Para que a agenda cumpra seu potencial transformador, é fundamental que os próximos passos venham acompanhados de conteúdo e senso de urgência.
Por isso, convidamos você a se juntar a nós assinando a Petição e fortalecer essa causa. Assim poderemos seguir em defesa das florestas, da soberania alimentar e dos direitos das comunidades mais impactadas.
Levamos de Bonn conexões fortalecidas, ideias concretas e o reforço de que não estamos sozinhos nessa luta. Sobretudo, o compromisso de seguir pressionando por uma COP verdadeiramente transformadora. Através da campanha Forests4Food, vamos seguir mobilizando vozes e construindo pontes para garantir sistemas alimentares sustentáveis e resilientes, com o protagonismo de todos que estão na linha de frente da proteção das florestas e da produção de alimentos, e que precisam estar no centro das soluções climáticas.
Continue nos acompanhando para saber mais sobre o que vem pela frente em defesa das florestas e da transformação dos nossos sistemas alimentares justos, resilientes e sustentáveis. A jornada só está começando e ela precisa de todas as vozes.
Mariana Macário é gerente de Políticas Públicas e Isadora Gomes é coordenadora de Relações Internacionais da Ação da Cidadania