Fonte: Correio do Povo
A campanha "Natal Sem Fome" realizou na manhã desta quarta-feira a distribuição de cestas básicas para os moradores para a ocupação urbana Povo Sem Medo, no bairro Sarandi, na zona Norte de Porto Alegre. Na rua Sérgio Junglubt Dietrich, próximo da avenida Severo Dullius, vivem cerca de 64 famílias (384 pessoas) em extrema situação de pobreza que atuam na reciclagem e na coleta de materiais recicláveis.
As cestas de alimentos foram distribuídas para pessoas previamente cadastradas. As crianças, um total 63, receberam doces e brinquedos. A iniciativa "Natal Sem Fome" foi realizada pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (Consea/RS), em parceria com a Cáritas Brasileira e a Ação da Cidadania.
O presidente do Consea/RS, Juliano de Sá, disse que entre os meses de outubro a dezembro em função da pandemia do coronavírus foram entregues mais de 38 toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. "A campanha envolveu empresas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais que doaram 12 toneladas de alimentos sem agrotóxico", destacou.
Segundo Sá, o trabalho começou quando do início da pandemia através do Comitê Gaúcho de Combate à Fome que congrega diversas entidades. "A distribuição de alimentos terá continuidade no próximo para diversas famílias em situação de extrema pobreza", ressaltou.
Segundo Melissa Bargmann, da Ação da Cidadania, a iniciativa de combate a fome começou em 1993 com Herbert de Souza, o Betinho, e desde daquele ano são feitas articulações para tentar organizar políticas públicas para segurança alimentar e garantia do direito humano a alimentação. O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundou o Ibase em 1980 e, na década de 1990, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, conhecida popularmente como a campanha contra a fome.
"Infelizmente, hoje ainda precisamos fazer esse tipo de ação em comunidades que são extremamente pobres. Muitas famílias necessitadas e precisando de alimentos", ressaltou.
Melissa Bargmann disse que o lema da ação é "Quem tem Fome tem Pressa" e que durante a pandemia a comunidade Povo Sem medo foi ajudada pelas entidades com a distribuição de alimentos. A líder comunitária Janaína da Silva Oliveira, da ocupação urbana Povo Sem Medo, disse que os moradores vivem no local há três anos provenientes de cidades da Região Metropolitana (Guaíba e Eldorado do Sul) e de outros bairros de Porto Alegre (Lomba do Pinheiro e Alvorada).
"Somos totalmente desassistidos pelo estado. Não temos saneamento, posto de saúde e creche para as crianças", acrescentou.
Conforme ela, as famílias vivem da coleta de materiais nas ruas de Porto Alegre e saem cedo para trabalhar e trazer comida para quem fica nas casas de madeira em meio ao lixo e a completa falta de estrutura. Segundo ela, a comunidade é composta por idosos, doentes crônicos e pessoas que fazem hemodiálise.
"Neste momento de pandemia, vivemos exclusivamente das doações porque a maioria está sem emprego.