Roda de Conversa:

Educação Cidadã

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Neste momento de pandemia, nos deparamos com a grande injustiça social existente no Brasil. A urgência pela necessidade mais básica do ser humano, uniu os comitês da Ação da Cidadania de todo o país através da grande rede de solidariedade, em uma escala vista somente no início dos anos 90 quando Betinho alertava que 33 milhões de
brasileiros estavam passando fome, abaixo da linha da pobreza. São toneladas de
alimentos sendo entregues de Norte a Sul em comunidades periféricas, favelas,
comunidades indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas.

Sabemos que a volta do Brasil ao Mapa da Fome da ONU já era uma realidade em 2019.
E a força da união dessa imensa e potente rede de comitês recomeçou a se articular
dando respostas. Surge então outra grande necessidade, a fome de participação, fome de decisão, fome de cidadania, fome de direitos, e não dá para esperar e ficar assistindo o desmonte das políticas públicas que tiraram o Brasil do Mapa da Fome serem destruídas em atos diários de covardia e barbárie em detrimento de um modelo econômico neoliberal injusto e violento.


Neste contexto, coordenadores de comitês de diferentes estados resgatam a construção
da Educação Cidadã em nível nacional e realizam o primeiro encontro nacional de
comitês da Ação da Cidadania para construção da Educação Cidadã. A primeira parceira
a aceitar o desafio, Salete Valesan, educadora popular e Diretora da Flacso (Faculdade
Latino Americana de Ciências Sociais), no Brasil, nos brinda com uma potente
participação no dia 25 de junho de 2020.


Com a presença virtual de 100 coordenadores de comitês dos estados do Amazonas,
Para, Roraima, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foi lançada a primeira etapa da construção coletiva
dessa metodologia de educação popular, participativa e integradora. Será implementada uma escuta ativa através de *formulário eletrônico para os comitês opinarem sobre as temáticas e ferramentas para esta formação.


Foi surpreendente e motivador a riqueza de experiências relatadas e tanta diversidade
convergindo em um mesmo propósito. Destacando as palavras da Salete, são esses
comitês locais que fazem a educação cidadã todos os dias acontecer na prática e
salientou o impressionante universo de ensino e aprendizagem na transformação da
realidade na busca por uma vida melhor para todos. Contribuindo para essa construção
Salete sugeriu que a mesma seja realizada baseada em duas premissas: “A fome tem
pressa”
, frase de Betinho, que deixa claro que não se pode aceitar o absurdo burocrático que adia a resolução de livrar os brasileiros da fome. E que vai além da fome do alimento, ampliando para a pressa de se trabalhar com muitas fomes, fome de moradia, justiça, participação, saúde, da justa paz.

Aliando outra premissa: “O mundo não é, o mundo está sendo”, frase do mestre Paulo Freire que enche de sentido a ação de educar para transformar esse mundo, que nos faz ir em busca do mundo que queremos, o mundo necessário, e por isso estamos aqui pensando esse processo de educação. Vivendo essa escola onde todos sabem, todos aprendem, todos ensinam em comunhão. Segundo Salete, Neste fazer nos fortalecemos para seguir adiante, não estamos sós, fazemos parte de um universo de gente que pensa, age e tem a coragem de ultrapassar os muros que não permitem a solidariedade.
 

O MUNDO NÃO É, ESTÁ SENDO. FAÇAMOS AGORA O MELHOR, JUSTO E NECESSÁRIO.


* O formulário será preenchido por todos os coordenadores de comitês do Brasil e
lideranças comunitárias e coordenadores de instituições que mesmo não fazendo parte da rede de comitês da Ação da Cidadania receberam cestas básicas para distribuição.
Para ter acesso ao formulário, clique aqui.